“O nosso trabalho ficou mais leve”. É com um sorriso no rosto que a educadora Maria de Fátima Sarmento Belfort, servidora da Fundação Papa João XXII, define a experiência de cursar Língua Espanhola, por meio da parceria entre a Secretaria Municipal de Administração (Semad) e o Instituto Federal do Pará (IFPA), Campus Belém. Ela é parte dos 40 servidores da Prefeitura de Belém que atuam, diretamente, com populações de língua espanhola na capital paraense e que receberão o certificado de conclusão do curso nesta sexta-feira, 7, às 17h30, em cerimônia no auditório da instituição de ensino superior.
Maria de Fátima está há 28 anos no serviço público e já pensa até em viajar para a Espanha, quando se aposentar. Mas, sobretudo, ela garante que a iniciativa tem sido rica para quem trabalha e para quem é acolhido. “Toda aquela empatia, agora a gente consegue transmitir na língua deles. Fica muito melhor. E pra gente mesmo, a gente fica satisfeito em ver que estamos conseguindo ter uma conversa melhor com eles”, descreve.
Projeto de extensão
Foram 30 horas de aulas realizadas, no auditório da secretaria, por dois estudantes do IFPA. Eles receberam bolsas da Prefeitura para atuar no projeto de extensão do instituto. Um deles é Bruno Raphael Monteiro da Silva, de 31 anos. Ele é aluno do 4° semestre de Letras – Língua Portuguesa. “Pra mim, foi muito enriquecedor, porque não apenas compartilhei conhecimento, mas, aprendi com eles. Fiz muitas perguntas sobre a cultura de quem era atendido pelos servidores, principalmente sobre os indígenas warao, e eu tive que pesquisar sobre eles”, relata.
A origem das pessoas acolhidas nas unidades da Funpapa é diversa e não necessariamente são indígenas. Maria de Fátima conta o número de pessoas que atende pelo nome de quem chefia a família. “Tem a família do Seu Asdrúbal, são 5. A família do Seu Jorge, mais 3. Tem a filha da Diosneide. A Consuelo com Rafael. Tem Dona Leonor, são mais 3. Dá 14. Só uma é francesa. Os restantes são colombianos e cubanos”, enumera.
Foco
Bruno ressalta que a língua espanhola tem pronúncias diferentes de acordo com as culturas e origens das pessoas. Esses elementos, ele procurou abordar durante as aulas. Mas, sobretudo, o foco era melhorar a qualidade do atendimento.
Até então, o que tem sido instrumento para facilitar a comunicação entre servidores e populações acolhidas são os gestos; o apoio de quem está há mais tempo na unidade e pode traduzir; e a paciência de um para diminuir o ritmo da fala e de outro para escutar até compreender. “Ah, e o tradutor do celular também”, emenda Maria de Fátima.
Bruno destaca a dedicação da turma, o “interesse e humildade deles, a disposição de aprender uma nova língua”. Ele diz que houve bons avanços na capacidade de conversação dos servidores, mas, é importante a continuidade da prática, por meio de vídeos, de diálogo entre os colegas e mesmo a continuação do curso.
Valorização
A turma concluiu as aulas nesta terça-feira, com o ensaio da música que cantarão durante a cerimônia e entrega dos certificados. A iniciativa faz parte da política de valorização do servidor da Prefeitura de Belém e do calendário de atividades formativas coordenadas pela Semad, por meio da Universidade Livre da Amazônia (Ulam).
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