A Prefeitura de Belém deu início, na manhã desta terça-feira, 12, no auditório da Secretaria Municipal de Administração (Semad), à terceira edição do curso para servidores e servidoras sobre antirracismo. A programação será realizada até dia 14/12, de 9h às 13h.
O objetivo é acompanhar a efetivação e o desenvolvimento de políticas públicas para servidores e populações negra, indígena e quilombola da capital paraense. E, contribuindo com a preparação da cidade para sediar a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre o Clima (COP-30), em 2025, o curso vai abordar questões relacionadas ao racismo ambiental e seus reflexos no enfrentamento às mudanças climáticas e a justiça ambiental.
A aula inaugural foi proferida por Maria Albenize Malcher, doutora em Geografia, professora do Instituto Federal do Pará (IFPA) e ativista do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa). Ela abordou como tema “Justiça climática, redução das desigualdades e combate ao racismo ambiental”.
O curso “Belém antirracista. Políticas públicas ambientais, rumo à COP-30” é fruto de parceria entre a Semad e a Coordenadoria Antirracista de Belém (Coant). Na abertura da programação, a titular da secretaria, Jurandir Novaes, destacou que esta agenda tem caráter de formação continuada, dado que a temática tem sido apresentada ao público sempre com novas nuances. E há elementos essenciais nessa política executada pelo governo municipal.
“Quando discutimos a questão racial na administração pública é porque reconhecemos que a sociedade é feita de diferenças e muitas dessas diferenças repercutem territorialmente, ou o território repercute socialmente”, argumenta, acrescentando que “o servidor tem direitos; alguns são invisíveis e intangíveis, mas, são absolutamente necessários. É o caso de ter, no seu horário de trabalho, uma atividade pelo exercício da cidadania, o direito de estudar, de acessar novos saberes”, explica a secretária municipal de Administração.
Capilaridade
Titular da Coant, Elza Rodrigues destacou a importância de cada servidor da Prefeitura de Belém na luta antirracista. “Esta é uma luta de toda a sociedade e cada um tem um papel no seu posto de trabalho. O curso tenta lutar contra essa grande chaga da nossa sociedade que é o racismo contra negros, indígenas, quilombolas, povos de matrizes africanas e outros segmentos afetados. A gente precisa de cada um vocês”, reiterou.
Entre os órgãos municipais presentes estão a Secretaria de Meio Ambiente (Semma), a Secretaria de Turismo (Belemtur), a Companhia de Tecnologia de Informação (Cinbesa), a Secretaria de Educação (Semec), a Secretaria de Planejamento e Gestão (Segep), a Guarda Municipal (GMB), a Secretaria de Economia (Secon), a Fundação Cultural de Belém (Fumbel), a Coordenadoria das Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (Copsan), o Instituto de Previdência (IPMB), a Coordenadoria de Mulher (Combel), além de servidores da própria Semad e da Coant.
Neia Santos, servidora da Segep, afirma que é a primeira vez que tem acesso a um curso desta natureza no serviço público e se sente feliz pela oportunidade. “As pessoas têm que estar preparadas para saber como receber, como falar, como se comunicar. Essa é uma luta que é de todos e todas. Vamos sair daqui com mais conhecimentos para melhorar nosso dia-a-dia e nosso trabalho”, explica.
COP-30
Em sessão plenária da COP-28, em Dubai, Belém foi confirmada como sede da COP-30, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, o que reforça o protagonismo da Amazônia paraense nas discussões sobre o clima e na garantia de benefícios aos povos da região desde já, seja com obras estratégicas, seja com políticas públicas como a de formação.
Professora e secretária executiva do Comitê Municipal da COP-30, Marinor Brito ressaltou, durante a abertura do curso, que “é preciso compreender o que significam essas mudanças climáticas, de onde elas vêm. Elas são fruto de um modelo predatório da natureza, de um modelo capitalista de desenvolvimento que prioriza o lucro em detrimento dos direitos humanos, dos direitos da natureza, da diversidade da sociedade. Precisamos nos contrapor a isso, especialmente porque quem mais sofre com esses crimes são as populações periféricas”.
A Prefeitura de Belém, por meio da Semad, vai lançar uma plataforma de cursos afinados com a COP e abertos tanto para servidores quanto para qualquer pessoa interessada.
Programação:
Dia 13
Mesa 1: Guardiãs das matas e dos rios
Expositoras:
Nice Tupinambá – jornalista; mestranda em Direito pela Universidade Federal do Pará; e fundadora do Instituto Nossa Voz.
Kátia Nunes – Ekedj Gaba Aiyê, Ilè Asè Iya Ogunte e diretora-presidente da Associação dos Filhos e Amigos da Cultura Afro Brasileira (Afacab).
Ana Paula Vale – quilombola de Sucurijuquara; professora licenciada em Educação Física (UFPA).
Mesa 2: Comitê Executivo Municipal da COP-30
Expositores:
Sergio Brazão – Engenheiro agrônomo na Ufra; mestre em Solos e Nutrição de Plantas; doutor em Geologia; membro do Comitê Municipal da COP-30; e coordenador do Fórum de Mudanças Climáticas de Belém.
Marinor Brito – Professora; secretária executiva do Comitê Municipal da COP-30.
Exibição do vídeo “COP-30: o legado”.
Dia 14
Mesa 1: Compartilhamento de experiências de políticas públicas ambientais em Belém.
-Funbosque
Projeto: Horta do conhecimento. Expositora: Prof.ª Mary Fernandes
Projeto: Agente Monitores Ambientais (AMA). Expositor: Prof. Mauro Torres
-Promabem
Projeto: Saneamento e Educação Ambiental para população da bacia da Estrada Nova. Expositores: Geovane da Silva Teixeira e Simone Ribeiro Martins
-Semma
Projeto: Diálogos socioambientais e as mudanças climáticas em Belém. Expositora: Rosa Helena Ribeiro Cruz.
Mesa 2:
Compartilhamento de experiências da sociedade civil organizada.
1-Mandií: Imaginando futuro a partir das águas amazônicas
2-Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis Visão Pioneira de Icoaraci (Cocavip).
Encaminhamentos de Ações Municipais para a Justiça Climática.
Texto:
